Metallica retoma discografia com álbum consistente, repleto de riffs poderosos e letras autobiográficas de James Hetfield
Após sete anos sem lançar material com canções inéditas, o Metallica está de volta com 72 Seasons, décimo primeiro álbum de estúdio da banda (não estamos contando discos de covers, ok?). Este lançamento sucede o ótimo Hardwired… To Self-Destruct (2016).
Assim como seu antecessor, a produção de 72 Seasons novamente ficou a cargo de Greg Fidelman, James Hetfield e Lars Ulrich. O primeiro deles, que também é engenheiro de som, acaba exercendo também a função de mediador entre os dois últimos, respectivamente os principais compositores e líderes do Metallica. No que tange à parte técnica, o resultado do trabalho do trio é excelente, possuindo uma clareza sonora que enfatiza bastante o peso das guitarras e da bateria, características indispensáveis a qualquer disco de heavy metal que se preze.
O título do álbum faz referência aos dezoito primeiros anos da vida de uma pessoa. As letras escritas por James Hetfield possuem forte caráter pessoal e refletem, sem rodeios, num tom mais compreensivo e menos raivoso, sobre questões como maturidade, mortalidade e moralidade. Um adendo: criado por pais cristãos fundamentalistas num ambiente extremamente repressivo e pouco afetivo, ele passou por poucas e boas durante a infância e adolescência, situação que culminou numa vida adulta insegura que foi sustentada por vícios durante muitos anos.

Ao todo são 14 faixas e não há espaço para baladas – todas seguem um heavy metal mais direto/tradicional, repleto de referências explícitas às influências do grupo, sejam nos solos ou nos riffs de guitarra. Um exemplo claríssimo é o caso de “Screaming Suicide”, faixa que recria intencionalmente em seu solo algumas passagens melódicas de “Speed King” e “Highway Star”, dois clássicos do Deep Purple. “Lux Æterna”, por sua vez, rememora as bandas da New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM), notadamente pelos riffs e pelos ritmos de bateria à “Philthy Animal” Taylor (Motörhead). Além disso, os tradicionais riffs “sabbathicos” sustentam praticamente todas as canções.
O grupo também bebe na fonte de sucessos do passado, como em “You Must Burn!”, uma descendente de primeiro grau de “Sad But True”. Mas os destaques de 72 Seasons ficam por conta da energética e urgente faixa-título, a sincera “Shadows Follow”, a simples, mas convincente, “Crown of Barbed Wire” e a trinca de canções redentoras “Too Far Gone?”, “Room of Mirrors” e “Inamorata”.
Em linhas gerais, 72 Seasons é mais um álbum consistente lançado pelo Metallica. Com sua produção impecável, riffs poderosos e letras envolventes, trata-se de uma adição valiosa à discografia da banda.
FICHA TÉCNICA
Artista: Metallica
Álbum: 72 Seasons
Data de lançamento: 14 de abril de 2023
Produção: Greg Fidelman, James Hetfield e Lars Ulrich
Duração: 77m10s aprox.
Gravadora: Blackened
Faixas:
01. 72 Seasons (Hetfield/Ulrich/Hammett)
02. Shadows Follow (Hetfield/Ulrich)
03. Screaming Suicide (Hetfield/Ulrich/Trujillo)
04. Sleepwalk My Life Away (Hetfield/Ulrich/Trujillo)
05. You Must Burn! (Hetfield/Ulrich/Trujillo)
06. Lux Æterna (Hetfield/Ulrich)
07. Crown of Barbed Wire (Hetfield/Ulrich/Hammett)
08. Chasing Light (Hetfield/Ulrich/Hammett)
09. If Darkness Had a Son (Hetfield/Ulrich/Hammett)
10. Too Far Gone? (Hetfield/Ulrich)
11. Room of Mirros (Hetfield/Ulrich)
12. Inamorata (Hetfield/Ulrich)
Clique aqui para ouvir 72 Seasons.