Além de abordar temas espinhosos enfrentados pela sociedade americana de maneira convincente, cantora aposta na diversidade musical indo além do blues.
Shemekia Copeland, cantora americana de blues, iniciou sua carreira discográfica como artista solo em 1998, com o álbum Turn the Heat Up. Apesar de ser filha do lendário bluesman Johnny Copeland, ela conseguiu se destacar no meio musical por seu próprio talento, chamando a atenção por sua potência vocal e intensidade nas apresentações.
Produzido de maneira competente por Will Kimbrough, que também toca guitarra no disco, Done Come Too Far conta com as participações especiais do mago da guitarra slide Sonny Landreth, do bluesman Cedric Burnside e do veterano organista Charles Hodges.
A maioria do repertório de doze faixas é constituída por composições originais, mas Copeland imprime sua digital em canções de Ray Wylie Hubbard (“Barefoot In Heaven”) e de seu pai, o saudoso Johnny Copeland (“Nobody But You”).

Logo na abertura, com a potente “Too Far Too Gone”, a cantora mostra a que veio. Trata-se de um blues rock vigoroso com pegada zeppeliana e letra combativa ao racismo.
“Pink Turns to Red” une blues e rockabilly num discurso direto sobre os horrores dos massacres por armas de fogo que acontecem frequentemente nos Estados Unidos.
“The Talk” é um blues lento “arrasa quarteirão” que traz em seu bojo uma performance vocal impressionante, muito sentimental. Na canção, Copeland assume o papel de uma mãe que alerta o filho sobre os perigos que ele corre nas mãos da polícia pelo simples fato de ser negro. Outra canção profunda é “Gulla Geechee”, um folk-blues acústico que relata a história de um casal dilacerado pelo flagelo da escravidão.
A versatilidade da cantora chama atenção ao explorar a música cajun em “Fired Catfish Blues”, além de passear pelo country em “Fell in Love with a Honky” e na bela balada country “Why Why Why”, composição de Susan Werner.
“Done Come Too Far”, cantada em dueto convincente com Cedric Burnside, possui uma vibe soturna, e reitera a temática do racismo presente na faixa de abertura.
Seguindo em frente, “The Dolls Are Sleeping” narra, de maneira crível, a pavorosa história de um abuso infantil. O clima sombrio é construído a partir de uma batida hesitante de violão que cresce no refrão, além de mais uma interpretação intensa provida pela cantora.
Para fechar, Copeland novamente gira a chavinha da variedade em “Dumb it Down”, um soul descontraído repleto de groove.
Sem perder de vista a tradição centenária do blues, Done Come Too Far soa moderno e convincente nas mensagens que pretende passar. Shemekia Copeland simplesmente arrasa nas doze faixas do disco, tanto em termos técnicos quanto no quesito feeling.
FICHA TÉCNICA
Artista: Shemekia Copeland
Álbum: Done Come Too Far
Produção: Will Kimbrough
Gravadora: Alligator Records
Duração: 45m
Faixas:
01. Too Far To Be Gone
02. Pink Turns to Red
03. The Talk
04. Gullah Geechee
05. Why Why Why
06. Fried Catfish and Bibles
07. Done Come Too Far
08. Barefoot in Heaven
09. Fell In Love with a Honky
10. The Dolls Are Sleeping
11. Dumb It Down
12. Nobody But You
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