Cantora sergipana falou sobre o Sandyalê Hi-LoFi, projeto audiovisual gravado ao vivo em que reinventa quinze canções de seu repertório sob uma perspectiva moderna e minimalista
A cada novo projeto realizado, a cantora e compositora sergipana Sandyalê apresenta transformações sonoras e visuais intrigantes que fogem da mesmice. Em seu novo projeto, Sandyalê Hi-LoFi, lançado pelo selo Toca Discos, ela apresenta versões para quinze canções extraídas de trabalhos anteriores, todas elas receberam uma nova roupagem intimista e moderna que transita pelo terreno da MPB e da música pop.
Sandyalê Hi-LoFi foi gravado ao vivo em agosto de 2021.O local escolhido foi a aconchegante Reciclaria, espaço de artes localizado na cidade de Aracaju, Sergipe. Em virtude da pandemia, a artista trabalhou equipe reduzida.
Além de Sandyalê nos vocais e drum machine, participaram da empreitada o guitarrista Allen Alencar e Filipe Willians no contrabaixo e synth bass. As canções caíram bem ao formato, sendo bem construídas e executadas. Nelas, os músicos envolvidos exploram efeitos e timbres eletrônicos com delicadeza e bom gosto.
Uma curiosidade: quando o projeto foi gravado, Sandyalê estava no sexto mês de gestação de sua filha Serena, fato que tornou a apresentação especial e desafiadora para a artista, já que nos ensaios ela percebeu que teria que alterar alguns detalhes em sua forma de cantar, como a respiração.
Em entrevista ao Rotasongs Sandyalê falou sobre o processo de seleção do repertório, como foi rearranjar as canções para o novo formato, elementos visuais presentes no projeto e muito mais.
Por Álvaro Silva

Como foi o processo de seleção do repertório para a apresentação ao vivo Sandyalê Hi-LoFi?
O repertório é composto basicamente por todas as músicas que tenho lançadas, dos meus dois discos (Um no Enxame e Árvore Estranha) e do EP Desapego. Apenas “Ahê”, do Um no Enxame, “Pêia” e “Cisma”, do Árvore Estranha, que não entraram. A decisão de não incluí-las foi em razão da complexidade dos arranjos e pelo fato de serem bem longas.
Rearranjar as canções para o formato proposto foi um processo muito trabalhoso?
Até que não! Mandei o repertório antecipadamente para Allen Alencar, que tocou guitarra nos meus outros discos, e no Hi-LoFi ele também tocou sintetizador e drum machine, e para Filipe Williams, que tocou baixo e synth bass. Daí eles desenvolvendo algumas ideias, mas tudo aconteceu mesmo nos três ensaios que fizemos. E tudo fluiu lindamente, pois eles são muito criativos. Fui opinando sobre cada elemento e adentrando nas novas harmonias e melodias, dançando conforme a música.

Além da parte musical, percebo um cuidado especial com os elementos visuais que compõem sua apresentação. Quais são suas referências nesses aspectos?
Eu uso o que gosto, invento a moda Sandyalê! (risos). Como eu estava grávida, mandei fazer os dois vestidos, da minha cabeça mesmo, comprei o tecido e mostrei o modelo à Mary, minha costureira. A maquiagem ficou por conta de Jalisson, que também participou dos clipes de “Sua” e “Pensando em Mm”. Deixei-o bem livre para criar em cima do figurino, confio totalmente nele. A luz foi de Sérgio Robson, que já trabalha comigo há muito tempo e sabe qual o clima de cada música. Gabriel Barretto também contribuiu com a construção da iluminação e da projeção responsiva, além de também operar câmera com Alisson Mota, que editou e finalizou a apresentação, gravada no lugar lindo que é a Reciclaria, um espaço cultural aqui de Aracaju/SE.
As pessoas que trabalham comigo são bem livres para se expressarem e fazerem sua arte da forma que acreditam. Eu falo uma coisa ou outra, mas deixo as portas abertas para a imaginação. Muita coisa sai na hora, no feeling, e eu amo.
Ano passado você lançou o EP “Desapego”, composto pelas faixas “Tateia”, “Sua”, “Bruta” e “Pensando Em Mim”. Um novo álbum de inéditas (“álbum cheio”) está em seus planos imediatos?
Está sim. Antes de engravidar eu já estava compondo e pensando sobre o conceito, porém os planos mudaram e precisei dar essa parada, pois a cabeça estava em outro lugar. Me permiti viver toda a gestação e continuo assim, pois Serena é muito novinha e depende muito de mim, da minha atenção. Para compor eu preciso estar inteira, sabe? Preciso estar dentro da minha cabeça, no controle, e ainda não estou. Então estou esperando a hora chegar naturalmente, sem pressa. Mas já voltei a pensar em referências sonoras e se vou continuar com o mesmo conceito. Tenho entre 03 ou 04 músicas bem encaminhadas e vou pegar músicas de amigues compositores também.
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