Surgida em 2018, a Ave Máquina é uma banda carioca formada pelos músicos Rafael Monteiro (baixo), Katia Jorgensen (vocal), Yuri Ribas (guitarra e violão) e Fiu (bateria). Com uma sonoridade que aponta para o rock clássico e a MPB dos anos 60 e 70, eles se definem como um conjunto de rock tropicalista.
No repertório, os singles “Terra Oca” e “Me Dou Mal”, entre outros, levou o quarteto a tocar em casas de shows importantes da cena carioca, como Audio Rebel, Saloon 79 e Lapa Irish Pub. Em janeiro de 2020 a banda se apresentou ao vivo no Showlivre, importante canal de divulgação da música independente brasileira. A performance gerou o primeiro álbum da banda, já disponível nos melhores canais de streaming (acesse aqui). Recentemente a banda lançou o clipe para a canção “Carta Para Amy”, que conta com a participação especial da cantora Gabi Livon.
Durante o bate-papo, a banda falou sobre como começou a história da Ave Máquina, influências musicais, como o grupo vem encarando as limitações impostas pela pandemia, novidades e muito mais.
Entrevista por Álvaro Silva (ahfsilva@gmail.com)
Como começou a história da Ave Máquina?
Rafael Monteiro: A Ave Máquina surgiu em 2018, depois que mostrei algumas composições para o Yuri Ribas (guitarrista), amigo e ótimo músico com quem já toquei em outras bandas, e ele se animou em embarcar num novo projeto autoral. Isso foi bem no começo daquele ano, logo em seguida começamos a procurar outros músicos. No início tínhamos outro baterista, mas ele não ficou muito tempo. Entretanto, ele nos apresentou à Katia (vocalista), e de cara, percebemos que ela era a pessoa certa. Logo depois que esse baterista saiu, me lembrei do Fiu (baterista), que é um amigo das antigas e que eu imaginei que iria curtir a proposta musical da banda. O Fiu, assim como a Kátia, chegou com novas composições e uma forma de tocar que agregou muito ao nosso DNA sonoro. No ano de 2018 criamos a identidade da banda trabalhando em nossas composições, criando arranjos e definindo a formação da banda. Em dezembro do mesmo ano gravamos “Terra Oca”, nosso primeiro single, que foi lançado no começo de 2019.
Quais são os artistas e bandas que inspiraram a sonoridade da banda?
Rafael Monteiro: Temos influências musicais bem amplas, algumas se conectam e outras são bem diferentes, mas acho que é justamente essa variedade de caminhos que torna nosso som plural e musicalmente rico. A Katia gosta muito de Tina Turner e Letrux, o Fiu já teve bandas que vão do metal extremo ao progressivo. Eu gosto muito de sons dos anos 60 e 70, como Beatles e Led Zeppelin. O Yuri curte muito Clapton e Led Zeppelin, mas também é bastante ligado ao violão brasileiro.
Uma coisa que acredito que temos muito em comum são nossas referências na música brasileira. Gal, Mutantes, Caetano, Gilberto Gil, Tom Zé, Milton Nascimento e tantos outros gênios que exploraram e misturaram tão bem a nossa música com o que estava rolando no mundo.
A pandemia tem afetado drasticamente o cenário cultural com o impedimento da realização de shows e outros tipos de espetáculos. Como a banda tem lidado com essa questão?
Fiu: Estamos tendo que nos reinventar todo dia como banda e como grupo pra continuar nessa resistência que é ser artista no Brasil (ainda mais agora com a Covid-19 e com a extrema direita no poder). Apesar dos pesares, estamos conseguindo nos virar bem. Foi preciso experimentar novas formas de trabalhar, novos movimentos para sair da zona de conforto, como, por exemplo, produzir à distância, que nos possibilitou trabalhar com artistas de outros bairros, cidades e Estados. Olha, até que produzimos bastante até aqui. Isso tem nos mantido na ativa, tem nos aproximado das pessoas e só reforça o sentimento de que o trabalho está sendo bem feito.
Atualmente a banda milita no cenário underground/alternativo. Quais são as maiores dificuldades encontradas?
As dificuldades são sempre muitas quando se pretende fazer som autoral. Ainda mais quando a ideia é compor algo que não seja muito fácil de classificar. Acredito que uma dificuldade em épocas não pandêmicas, seja a falta de casas de shows com espaço para artistas autorais. Aqui no Rio de Janeiro temos a Audio Rebel que é um espaço ótimo, mas várias casas legais têm fechado ou mudado seu direcionamento para algo mais comercial.
Felizmente, com a internet, podemos alcançar as pessoas que curtem nosso som de outra forma. Esse lance de gravar webclipes, mesmo com cada um em sua casa, tem nos aproximado muito de pessoas de vários Estados.

Fazer rock no Brasil atualmente é…
Katia Jorgensen: Um ato político. Ou pelo menos deveria ser…
Vocês já lançaram três singles contendo músicas autorais. Lançar um álbum completo está no radar da banda?
Yuri Ribas: Os últimos singles que fizemos (“A mulher que amou demais”, “Cigarra” e “Carta pra Amy”), foram produzidos durante o período da pandemia e nos fizeram conectar com pessoas de todo o Brasil através da web. Muitos fãs recentes nos conheceram através desses trabalhos. Porém, estas músicas foram publicadas pela ShowLivre em janeiro de 2020, quando realizamos um show ao vivo em seus estúdios (assista ao show aqui) e que resultou no nosso primeiro álbum ao vivo. Com a pandemia, buscamos conferir uma nova roupagem a estas músicas, em parceria com outros artistas, conferindo-lhes uma estética homemade como uma forma de resistência e política. O público se identificou e tivemos uma excelente resposta. O fato de produzirmos cada um de sua casa permitiu que colocássemos mais de nossa forma de ver a música. Estas experiências nos conferiram ânimo para ingressar na fase atual que estamos: de composição e arranjo de músicas inéditas que serão produzidas com alta qualidade de estúdio para entregar um trabalho lindo e amadurecido ao público.
Podemos esperar novidades relacionadas à banda ainda neste ano?
Katia Jorgensen: Estamos preparando nosso primeiro EP de estúdio e estamos muito empolgados! Vamos aproveitar para reafirmar nossa identidade musical e explorar todas as possibilidades artísticas. A produção musical será do JR Tostoi, em coprodução com a Audio Rebel. Para a concretização do disco, lançaremos uma campanha de financiamento coletivo pois acreditamos que envolver as pessoas que acompanham nosso som é sempre mais prazeroso e traz resultados melhores.
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