Marcelo Loss (ex-Concreto) fala sobre a estreia do power trio Loss

Banda estreia com o EP “Let’s Go”, composto de quatro faixas mixadas e masterizadas pelo produtor dinamarquês Tue Madsen

O power trio Loss é formado por experientes músicos da cena mineira de heavy metal. Integram a banda o vocalista e baixista Marcelo Loss, o baterista Teddy Bronsk, ambos egressos da Concreto – banda que encerrou as atividades após 25 anos de carreira, quatro discos, três EPs e dois DVDs. Completa o time o guitarrista Edu Megale (Megale e D.A.M.).   

A banda lançou recentemente o EP “Let’s Go”, composto por quatro músicas gravadas no estúdio Riff em Belo Horizonte, com mixagem e masterização feitas pelo experiente produtor dinamarquês Tue Madsen (Rob Halford, Meshuggah, Vader, Behemoth, Dark Tranquillity e outros). A sonoridade da banda gravita em torno do stoner rock, mas tudo com um tempero próprio que acrescenta nuances contemporâneas e muito groove.

A fim de conhecer melhor a banda, o Rotasongs conversou com Marcelo Loss, que falou sobre o recomeço após o fim da banda Concreto, como está sendo tocar em formato de trio, o papel transformador da música como forma de contestação social, planos para o futuro e outros assuntos.

Por Álvaro Silva (rotasongs@gmail.com)

Você foi um dos fundadores da Concreto, uma banda que foi muito importante na cena metal mineira. Como está sendo esse recomeço com a Loss?

Marcelo Loss: Está sendo muito gratificante e emocionante! Chegamos a um ponto com a banda Concreto em que achávamos que não poderíamos mais contribuir muito para a cena. Recomeçar um novo trabalho e ter uma boa recepção por parte do público e da crítica me faz acreditar que ainda temos algo relevante para apresentar.

Como você definiria o som da banda?

Marcelo Loss: O som da banda é o que hoje alguns definem como stoner rock ou stoner metal, ou seja, sofremos uma influência direta de bandas como Black Sabbath, mas estamos atentos a sonoridades que deixam o som mais moderno.

Tendo em vista que você saiu de um quarteto (Concreto), está sendo fácil se adaptar ao formato power trio?

Marcelo Loss: Sempre gostei muito do formato em trio. É uma formação que por um lado dá muita liberdade para cada músico mostrar seu som, mas por outro, cobra um comprometimento de todos para buscar uma sonoridade coesa. Essa foi uma opção proposital quando resolvi formar uma nova banda.

Os shows ao vivo são muito importantes para divulgação dos trabalhos de qualquer artista. Como tem sido a experiência de realizar a divulgação do trabalho apenas virtualmente?

Marcelo Loss: É um tempo bem estranho esse que vivemos, né? Então todos nós temos que nos adaptar, fortalecendo nossas redes sociais e nos preparando para quando os shows voltarem. Estamos ansiosos pela volta dos shows, afinal o palco e a estrada são o alimento dos músicos. Esse dia em breve chegará!

O EP “Let’s Go” mixado e masterizado pelo experiente produtor dinarmarquês Tue Madsen (Rob Halford, Meshuggah, Vader, Sick Of It All, Moonspell, Behemoth, Dark Tranquillity e Kataklysm). Como foi trabalhar com ele? Vocês já se conheciam?

Marcelo Loss: Sim, já o conhecíamos. Ele mixou os dois últimos EPs da banda Concreto, inclusive o que gravamos com o Vinny Appice (Black Sabbath/DIO) na bateria. Já éramos grandes fãs do trabalho do Tue. Sem querer desmerecer vários talentos brasileiros, esses gringos têm know-how e muita experiência para “tirar som” de uma banda de rock, sem falar em equipamentos de última geração, o que pra nós brasileiros é sempre mais difícil.

Em algum momento você pretende lançar um “álbum cheio” ou hoje em dia já não faz tanto sentido utilizar esse tipo de formato, sendo melhor trabalhar com EP ou single?

Marcelo Loss: Sim, temos planos de um full álbum. Começamos com um EP e vamos lançar singles e videoclipes até o fim do ano, quando partiremos para o álbum completo. O mercado musical hoje é muito diferente do que já foi, mas eu como um cara das antigas, ainda gosto do formato de um álbum, com início, meio e fim.

A faixa “Até Quando” aborda de frente a questão da violência perpetrada pelo racismo contra a população preta. Qual papel da música para transformar essa realidade cruel?

Marcelo Loss: Acho o papel da música e do músico fundamentais para a conscientização e para denunciar coisas inaceitáveis. Não há arte isenta, assim como não há imprensa isenta, político isento e por aí vai. Todos temos lado e precisamos mostrá-lo. O músico que não assume seu papel transformador na sociedade, em minha modesta posição, é um músico menor. Pode fazer excelentes músicas, mas ele não honra o talento que possui quando não usa sua influência para tornar o mundo mais justo e melhor.

A pandemia influenciou de alguma forma na composição das músicas?

Marcelo Loss: De certa forma sim. Hoje me sinto muito produtivo. E vejo isso acontecendo também com vários amigos músicos. As pessoas estão confinadas, então compor e criar são uma forma de extravasar nossas emoções. Outra mudança é a troca de arquivos online, o que já existe há algum tempo, mas agora se tornou bem mais comum.

Ao longo dos anos você sempre manifestou inconformismo em sua arte. Como você se sente com os rumos que o Brasil vem tomando com essa onda de intolerância/preconceito, negacionismo científico, aumento da miséria, degradação ambiental, dentre outras mazelas? Chegamos ao fundo do poço enquanto sociedade?

Marcelo Loss: Cara, fico até triste em responder essa pergunta. Nunca pensei que regrediríamos tanto em tão pouco tempo. A internet, já há algum tempo, tem dado voz a uma legião de intolerantes, desinformados e mal intencionados em geral. O cara, atrás de um teclado ou telefone, se sente protegido e seguro para falar todo tipo de besteira que lhe vem à cabeça. O resultado é intolerância, aumento da violência, do preconceito racial, homofobia, agressão a mulheres. Simplesmente lamentável. E quando temos um governo que tem um perfeito idiota no comando e que ainda dá voz a esses ignorantes, a coisa se torna ainda mais grave. Mas vamos em frente! O conhecimento liberta! A cultura salva! É necessário resistir, não se calar e fazer nossa parte!

Quais são os planos da banda para 2021?

Marcelo Loss: Temos planos de continuar lançando nossos singles e clipes, e se tudo der certo, partir para estrada o quanto antes.

Agradeço muito em nome de todos da banda por esse espaço! Um grande abraço e nos vemos nas estradas do rock!

Maiores informações no site, Facebook, Instagram, Spotify, Apple Music, Deezer, YouTube.

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