Weezer – Ok Human

Lançado em 29 de janeiro deste ano, “Ok Human” é o décimo quarto trabalho em estúdio da banda americana Weezer. Segundo o guitarrista e vocalista Rivers Cuomo, os trabalhos de composição tiveram início em 2017 e somente foram concluídos após o início da pandemia do novo coronavírus, graças à pausa forçada na agenda de shows do grupo.

O frontman do conjunto ainda revelou que todas as canções foram gravadas como nos velhos tempos, usando apenas tecnologia analógica, sem muitos recursos computadorizados. A propósito, o título do álbum remete a esse processo de gravação “mais humanizado” e faz uma brincadeira em referência ao densamente produzido “Ok Computer”, clássico gravado pela banda britânica Radiohead no já longínquo ano de 1997.

Ao contrário dos trabalhos anteriores, marcados pelo power pop conduzido pelos riffs de guitarra de Cuomo, “Ok Human” surpreende ao seguir uma direção em que arranjos orquestrais, piano e outros instrumentos de teclas assumem o protagonismo em todas as faixas. Aliás, uma orquestra composta por trinta e oito músicos participa de maneira bastante enfática.

O resultado da empreitada é um disco repleto de belas melodias que remetem ao pop praticado pelos Beach Boys (fase “Pet Sounds”), The Zombies e Harry Nilsson. Algumas vezes, a sutileza melódica das canções contrasta com as letras ácidas, irônicas e pessoais de Cuomo. “All My Favorite Songs” e “Grapes of Wrath” são as canções mais parecidas com os trabalhos anteriores do Weezer. Dentre as faixas, destacam-se a sofisticada “Numbers”, a melancólica “Dead Roses”, “Screens” – que lembra bastante o som da Electric Light Orchestra de Jeff Lynne e a descritiva “Playing My Piano” – que revela um pouco sobre o surgimento da ideia propulsora por detrás do álbum.

“Ok Human” é uma grata surpresa. A mudança de sonoridade revigorou a banda e mostrou que Rivers Cuomo e companhia podem ir além do rock básico regado à power chords dos discos anteriores. Afinal, um pouco de imaginação e ousadia não fazem mal a ninguém.