Humberto Effe é cantor, compositor e um dos fundadores da banda carioca Picassos Falsos, autora do influente álbum “Supercarioca” – um marco no pop rock nacional. Além disso, o músico desenvolveu parcerias com importantes nomes como Dado Villa-Lobos, Roberto Frejat e Samuel Rosa.

Apesar de sempre estar desenvolvendo algum projeto artístico e fazendo shows, o músico não lançava material solo inédito desde 1995, quando lançou o disco homônimo “Humberto Effe”. O artista retorna agora com as canções “A Vontade e o Medo” (lançada no ano passado) e a recém-lançada “Frágil”, ambas produzidas pelo renomado Jr Tostoi.

No decorrer da entrevista, ele falou sobre as novidades em sua carreira solo, influências musicais, o atual momento da arte e cultura no Brasil, dentre outros assuntos.

Por Álvaro Silva (rotasongs@gmail.com)

Você acabou de lançar a música “Frágil” e ano passado você lançou a música “A Vontade e o Medo”. Podemos esperar por um disco completo ou pretende lançar apenas singles?

Humberto Effe: Esses singles fazem parte de um projeto de um EP. Mas que já vão apresentando e formatando o novo trabalho. Certamente lançarei até o meio de 2021 um EP com algumas outras canções. É o projeto principal.

Desde 1995 você não lançava um trabalho solo. O que essas novas composições simbolizam pra você?

Humberto Effe: Na verdade só não lancei discos. Mas continuei minha carreira tanto como autor, como em shows, durante esses anos. Chegava a hora, desde início de 2019, de voltar a gravar novas canções, registra-las fonograficamente e não só permanecer em projetos de shows. Essas canções reafirmam meu desenvolvimento como autor e como intérprete mais versátil, principalmente no conceito dos arranjos, como foi agora, por exemplo, em “Frágil” sem ficar preso ao conceito de banda.

As novas músicas foram produzidas pelo JR Tostoi. Como surgiu essa parceria?

Humberto Effe: Jr Tostoi é um grande músico que acompanha meu trabalho há muitos anos. Sempre nutrimos uma grande admiração mútua, tivemos uma primeira experiência mais próxima, no disco “Nem tudo pode se ver” de 2017 do Picassos Falsos que Tostoi produziu. Daí por diante, desenvolvemos uma grata parceria e amizade dentro do meu trabalho e que vai continuar em próximos lançamentos. Trabalhar com um mesmo produtor durante um bom tempo e que tem grande identificação com sua música é ótimo, faz amadurecer a sonoridade a cada passo e aumenta a inventividade no trabalho. É uma parceria dentro da plástica do som.  

Desde o início da sua carreira você sempre misturou vários ritmos musicais. Quais são os artistas que mais te influenciaram?

Humberto Effe: Sempre fui muito “desconfigurado” no gosto musical. E talvez isso tenha influenciado quando faço minha própria música. Tenho muitos artistas que foram fundamentais em vários tempos diferentes e por vários motivos. Talvez possa por alto falar que Luiz Melodia, Sergio Sampaio, Gilberto Gil, Elis Regina, Alceu Valença, Beatles, Jorge Benjor, Aldir Blanc, Paulinho da Viola, Chet Baker, grande parte da Motwon, Neil Young, João Donato…. Rapaz a lista é muito grande, por aí vai. É muita gente!!!!

Além de vocalista e compositor da banda Picassos Falsos, você já colaborou com importantes artistas do rock nacional (Dado Villa-Lobos, Frejat e Samuel Rosa). Quando você compõe para outros artistas você tenta se inserir no universo musical deles? Existe alguma diferença em relação a compor material solo ou para o Picassos?

Humberto Effe: Sempre existe uma diferença e eu gosto. Gosto de fazer música por encomenda, ter um prazo e a lógica de um outro trabalho para seguir ou pelo menos compactuar com o meu. Muitas vezes, é um exercício de composição necessário que te disciplina até mesmo quando você vai compor para algum trabalho seu.

Além do contexto de pandemia, como você enxerga o atual momento da arte e cultura no Brasil?  

Humberto Effe: Independente do contexto da pandemia onde a cultura foi e está sendo muito prejudicada. Isso diz respeito, não só aos artistas, mas principalmente a todo o backstage no caso, a uma grande mão de obra que cerca a produção cultural. Independente da pandemia, a música brasileira, para mim, passa nos últimos anos ou nas ultimas duas décadas, um dos seus melhores momentos. Melhor que os nos anos 80, por exemplo. Desde o início desse século, muitos grandes artistas surgiram e continuam surgindo, muitos e em diferentes estilos, do samba ao pop, do clássico ao funk. Muitos talentos. Passamos um grande momento da nossa música

Como tem sido divulgar os novos trabalhos impossibilitado de fazer shows presenciais? Você já se habituou em trabalhar apenas no mundo virtual?

Humberto Effe: Foi uma grata reinvenção. O necessário isolamento social gerou um necessário e urgente modo de se reinventar. No meu caso, me aproximei bem mais do público, consegui ter um diálogo mais orgânico e diário com tantas pessoas que me acompanham. As lives dinamizaram meu lado voz e violão, meu lado “trovador” talvez. E estou louco para voltar a fazer shows presenciais e ver frente a frente o resultado de tudo que fiz e tenho desenvolvido no universo virtual. Estou bem acostumado com isso, gosto muito da troca que resultou esse movimento e acho que vai caminhar lado a lado com os trabalhos e shows presenciais, quando voltarem de fato. Acho que será a tônica da música daqui por diante, em relação a shows e outros eventos.   

Atualmente qual é a situação da banda Picassos Falsos? Alguma novidade no horizonte?

Humberto Effe: Não. O Picassos está há quase dois anos parado. Não há projeto fonográfico, nem de show. Meu foco há dois anos é totalmente direcionado ao meu trabalho como autor e intérprete sem a banda. Estou tendo enorme prazer com as pessoas que trabalho hoje, público, músicos, produção e com tudo que tenho desenvolvido. E melhor, já com tanto a fazer e a lançar a frente. Aguarde! 

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